domingo, 25 de dezembro de 2011

Síndrome do não pertencimento


       Há algum tempo, encontrei-a de bruços sobre o choro derramado. Quando os soluços a deixaram esboçar um murmúrio, caiu em novo pranto... O pranto do seu não pertencimento.
       A vaidade de sua coleção de amores não fora capaz de contê-la e ei-la fluida na espiral de seus afetos. Seu amor era tão maior que não caberia em alguém, em ninguém. E nem por isso era melhor que coisa alguma. Nem o mundo a continha, então o tal estranhamento. Por mais que se apressasse, o tempo lhe corria nas veias, no sorriso do filho que não tinha e a morte instruía seu tanto de vida. Tinha amigos, amores e muitos anos. Uma semana depois adotou um gato.
      E quando mais recentemente a encontrei, com um riso leve e bobo pendente dos lábios, disse-me que agora estava presa num grande par de olhos amarelos e depois me contaria o que era estar contida em. Depois, certamente com propriedade, discorreria então sobre seu pertencimento.


Uma música de gato só pra chatear o silêncio: http://www.youtube.com/watch?v=S2Lke5o5ORg&feature=g-upl&context=G23f40d6AUAAAAAAAGAA

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