Quando se viu
apaixonada, perdeu as horas dos dias e quase todos os dias da semana em
besteiras românticas. Menos a quinta-feira, porque era nas quintas-feiras que
ele a procurava e queria vê-la, e era todo disposição e disponibilidades. Então,
na quinta ela estava a postos, a espera pelo chamado que na certa viria. E
vinha! Vinha sempre... E quando era dia de lua, então a quinta era ainda mais
cheia e seu riso ainda mais escancarado. Ela, a moça das quintas-feiras!!!
Mas eis que
vinha a sexta e ela se punha a lembrar da quinta para continuara a sorrir,
vinha o sábado e seu riso se perdia mais. No domingo não tinha riso, na segunda
não tinha boca. Na terça então nem moça tinha. A quarta vinha e ela lembrava de
existir pra, logo, a quinta poder chegar. Quando era quinta-feira ida e ela
chamava pelo nome perdido do seu amado, ele respondia de longe, com um bilhete
trazido pelo vento : “beijos , beijos de boa semana, bela moça da quinta”
E como tudo tardava
a virar quinta e toda quinta se apressava em já ser sexta, ela passou uma
semana inteira pensando... até encontrar o que julgou ser a solução perfeita para
o seu descompasso sentimental. Como era muito amiga do deus tempo, pediu-lhe
para que todos os dias da semana fossem então quintas-feiras, assim não teria
que esperar seu amado voltar já que ele não teria mais de partir.
E assim foi
feito. Segunda virou quinta; terça, quinta; quarta também; sexta igualmente;
sábado, do mesmo modo e domingo quintafeirou-se de vez. A moça, então, muito
satisfeita, não tardou esperando o amado e sabia que seria a última vez que ele
chegaria. Só não contava que seria também a última em que partiria. E, tão
logo, a primeira quinta se punha, o rapaz beijou-lhe a fronte e falou-lhe logo “beijos,
beijos de boas quintas-feiras” e assim lançou-se no vento para nunca mais.