domingo, 22 de maio de 2011

Manifesto da Fada Bêbada quanto à última postagem (Primeiro eterno beijo)

Ridículo o teor machista do dito haikai,que também não se prestou ao papel da sedução - se esta era  a finalidade.
Então não  falo nada, só de boca e de beijo:

Beijarei meus joelhos até quando me reste boca e joelhos!! Com eles aprendi a  beijar, virar a língua e roça-la numa imensidão de paixão induzida e predeterminada. Nada de furar laranja e meter a língua dentro, rodando e rodando como um fura-bolos!!A trilha sonora de Piazzolla tocando Villa Lobos me fazia rodopiar dentro do beijo e me faz beijá-los ainda.
Sim, pois os homens de então coaxam nos sapos do brejo e as mulheres nem lábios tem! Não ficarei com minha boca vazia, nem que precise enchê-la de meus joelhos, que tirado o fato de serem convexos têm prestimoso beijo.
Os príncipes, sapos e princesa temem tanto achar uma varinha que os tornem gente, que continuarão encastelados nas suas baladas de sextas-feiras, nos seus ensaios domingueiros, nos seus carnavais de bocas vazias.
Como também não acredito nos contos de amor, continuarei vivendo uma tórrida paixão com meus joelhos, que amam donjuanisticamente, que me roçam a língua como gato de rua roça a perna de quem passa!
Se os protagonistas destes sonhos mal sonhados esconderam a paixão pelas quinas dos castelos vazios, vou me esgueirar pelas paredes e resvalar em tudo quanto seja avassalador até ser execrada ou esquecida e continuar a sós com meus joelhos e as paixões abandonadas dos outros.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"Lambada de Serpente"



Movimento brusco de serpente
Moça bonita picada
Nem sente dor



Um  haikai para quebrar o gelo!No mais... só whisky (para os que não curtem cowboy, claro!!!)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A moça, a Fada e eu

A mulher pegou três conduções e sumiu dos nossos olhos, antes que pudéssemos descobrir para onde ia ou de onde vinha. Chovia muito, e, como se já não adiantasse se proteger, entregou-se ao gozo da chuva que se lhe escorria com o rosto. Se houve lágrimas, ninguém viu.  E quando ela se lançou em disparada, sabe-se lá pra onde, também ninguém ousaria dizer se de loucura, pressa ou pavor!!! Quando os pacotes que levava foram ao chão, eu apostei no final apoteótico com trilha sonora de Yann Tiersen... A Fada Bêbada disse que era surto psicótico e que os pacotes caíram e a moça não viu.
Se ela voltou para casa, tomou um banho quente e xarope para não gripar, ou ficou girando na porta da entrada com a boca aberta, tentando agarrar gotinhas com a ponta da língua pra fora... não  se pode afirmar, afinal, a moça não é uma personagem icólume de histórias de bolso! Mas a Fada Bêbada fica com o xarope e o escalda pés. Eu fico com a crise de espirrinhos bonitinhos que a acometeram pela madrugada a dentro. Porque madrugadas gripadas são tão charmosas... Principalmente quando acompanhadas de doses  de whisky para aquecer os pés frios!
A noite está consideravelmente fria, meu nariz está muito entupido e a fada Bêbada está fumando cigarrilhas de canela. Eu acho que a moça continua rodopiando na frente de casa e a Fada Bêbada disse que não quer mais brincar... Então, que se dane a moça e volte para onde surgiu ou vá para onde voltava... Eu vou me recolher porque apesar de nunca querer dormir nem acordar, sempre o faço... e a Fada Bêbada que nunca quer nada, sempre faz tudo. Ela inventa as histórias, eu descubro e conto! A moça...dorme na paz dos anjos ( ou na fúria dos animais).
foto caçada na internet

sábado, 14 de maio de 2011

Para morrer de mentirinha

                                                                         
O coração pequenininho no peito que pia mudo... A cabeça maior que o corpo inteiro e um gosto de qualquer coisa amarga na boca... Agruras poéticas e não prosaicas... Prozac !
Eu fumo a guimba de um cigarro, bebo o vermelho-alaranjado da tarde na minha taça com uma cereja dentro...E minha trilha sonora alterna-se entre Miles Davis e Piaf, quando não paro tudo e toco  “Central do Brasil” para chorar mais que o pequeno menino que perde seu amor na estrada... Sim, porque todos os amores, um dia, perdem-se à margem de qualquer coisa. Até os não amores se perdem, os quase amores, os amores baratos e vagabundos... Ficam as histórias e um grito preso na garganta de quem não gritou.
Porque quem não morreu de amor, à margem de tudo,  nunca mais vai morrer de verdade. Vai morrer de gripe, de queda ou tédio.
  

domingo, 8 de maio de 2011

Feliz Dia das Mães, Luciana!

Porque não se nasce mulher (torna-se), nem todas nascemos com o gérmen da maternidade.  Avistei o meu, muito de longe, por volta dos vinte e quatro anos. Sempre achei os vinte e quatro uma idade genuinamente maternal, e a ciência endossa esse achismo (no meu caso achado). Mas eu queria ser minha própria mãe e minha própria filha. Havia um encontro comigo mesma ainda não resolvido a esta altura. Aos vinte e oito, adotei uma foto de indiozinho, tirada da revista National Geografic , que chamei de filho, nomeei e passei a carregar na carteira. Neste mesmo ano comecei a freqüentar a terapia.
Hoje tenho quatro gatos que não me desejaram Feliz Dia das Mães porque o fazem todos os dias com seu ronronar manhoso e seus olhos meninos. Caminho a passos largos rumo aos quarenta, quando, então, terei mais três cachorros, um periquito, dois papagaios e um macaco.
A Fada Bêbada diz que meu discurso piegas é tão previsivelmente barato no dia das mães, que ela se recusa a maiores comentários...