E a jovem loira, esquivada no
cantinho da rua, procurando um portal que se abrisse ali no meio de tudo e a
jogasse no centro de coisa alguma, falava quase cantando em seu desafino não
tão discreto, ao aparelho celular, com os olhos marejados: “se você acha que eu te cobro...”
Por isso os amores líquidos, menina
loira dos olhos marejados. Amor líquido escorre ladeira abaixo, precipita-se
com a gravidade... a não ser que o
mantenha n’algum jarro, bacia ou garrafa... Então você terá um amor
engarrafado, ou embaciado...Embaçado, menina, como seus olhos vermelhos. Porque
assim como amor não se explica, desamor também não. Não se cobra, nem se cobre
com tampas de tapwares coloridos, a serem emprateleirados na despensa, sob pena
de abafá-lo. Mas não se engane, há quem goste de amores organizados, bem
lacrados e devidamente etiquetados sim.
Voltei pra casa e a frasezinha
continuou em meu ouvido ecoada pelos macaquinhos cerebrais (sim, eu tenho
macaquinhos que macaqueiam tudo ao seu deliberado e bel prazer). É bom que eles a ecoem mundo afora. Em algum
canto desse mundão deve haver alguém tentando tirar de alguma concha na beira
do mar, ou de uma velha rabeca desafinada, exatamente este seu canto desarmoniosamente infeliz.
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