Certas escrivinhações apenas se escrevem. Não é a primeira vez que, lendo Bukowski, visto-me na pele de suas mulheres e regurgito suas palavras... A FadaBêbada diz que isso não passa de mera admiração, que estilística ou etílicamente pouco importa, já que não me tornará melhor bebedora, quiçá escritora de coisa alguma!!! Neste caso, bambear, tropeçar e cair será sempre a menor das consequencias!
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Eu era a secretária da gerencia. Há época, só me conheciam
por Carmen mesmo e a origem espanhola do meu nome não condizia com meus cabelos
muito loiros e minha pele clara, sem mancha nenhuma de sol. Usava vestidos de
tricô com decotes que insinuavam meus 300ml de silicone em cada peito e faziam
meu corpo insolente a tudo ao redor. Sapatos sempre de salto agulha, meias de
nylon, cinta-liga e mais uma porção de adereços que me consumiam quase metade
do ordenado raquítico que ganhava naquela espelunca. Tinha muitas certezas
àquela época, dentre elas : a plena consciência do poder da dança dos meus
quadris no vai e vem da malemolência dos meus vinte e poucos verdejantes anos.
O escritório era um ambiente insalubre, inóspito e todos
eram olhos famintos no meu serpenteado de única fêmea reinante. Eu...
gostava. O encarregado das entregas, um
sujeito de mãos largas, rudes e ares de quem não sabia, nem queria, ter lábia
doce pra mulher alguma, despia-me despudoradamente com pensamentos tão lascivos
que seriam capazes de ruborizar até as mentes mais sujas. Finalmente, sem mais se conter em suas calças, puxou-me a um
dos transportes de carga que descarregavam nos fundo do galpão. Pegou-me por trás,
numa fúria bestial. Foi bom. Morno... quase tão quente quanto o sangue que lhe
fervia as têmporas embebidas em suor.
Por um momento, esforçando-me na busca de seus olhos desgarrados, quase
descobria em que paragens perdiam-se
febris, mas estava mais divertido senti-lo quente e pulsante entre minhas coxas
grossas. Tinha me erguido o vestido de tricô acima dos quadris e começado a
meter-se em mim num ritmo até bem envolvente. Por fim, apertou-me os lábios contra
sua boca, como se quisesse, inutilmente, arrancar-me o vermelho e só percebi que gozou pela sua
respiração que começava a desacelerar. Depois, a misericordiosa e cerrada escuridão tragou a cara insólita daquele homem , brindando-me
com nossos silêncios apaziguados.
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