Vocês devem conhecer a história
de Da. Baratinha... que tanto escolheu o eleito senhor detentor do seu amor,
tanto escolheu... que despachou grilos elegantes, sapos falantes, porcos
saltitantes e acabou encantada por D. Ratão, aquele que acabou na panela do
feijão! Pois muito bem, também se não conhecem a história , sinto informar que
a minha infância e a da Fada Bêbada foram mais lúdicas que a de vocês!
Chega-me , portanto, ainda agora
a Fada Bêbada, murcha e lacrimosa, metida num preto básico... e muito soturna e
calada - status este não condiz com a
personalidade da nossa amiga...
Voltava de um velório. Morreu o casamento de sua melhor amiga. E
neste momento desisti de entender o que quer que fosse, afinal, ela que está
tão além e aquém das instituições todas... ela que há anos deixou de crer na
irrefutabilidade da monogamia e adotou como modelo de relacionamento perfeito o
cult-classic de Sartre-Beauvoir...
não haveria porque em vestir o luto pela morte do casamento de quem quer que
fosse!
Mas disse que esse casamento era
diferente... que era o único a fugir de todas as suas convicções... Ou então
era a exceção que dignifica a regra! E disse que era lindo vê-los! Ela chegava junto
e sentia que a felicidade ganhava mais corpo ainda... e bem poderia chegar
aonde quer que fosse... E já havia muitos, mas muitos anos mesmo que eles eram
eternamente jovens! Quando na ocasião das bodas de prata, por exemplo, fizeram
uma festa à fantasia e riram tanto ou mais que na primeira festa de que
participaram todos... E agora, sem que nem pra quê, no meio de uma feijoada, o
casal anunciou a separação. Segundo contaram, como teriam casado muito novos,
não tiveram tempo de experimentar outros universos e agora começariam a degustação, cada um na sua (nada de menages a trois ou casas de swing). A Fada Bêbada, num estado desolador, disse ter
recebido uma punhalada letal e desmoronou
aqui no meu sofá, morrendo à míngua de
suas desilusões. Palavras dela.
Como eu omitisse opiniões,
levantou-se insolente e disse que era mesmo uma feijoada indigesta e, ao
contrário do final de Da. Baratinha, que perdeu seu amor na panela do feijão,
quem sabe sua amiga e todos, ao final, encontraríamos o feijão na panela do amor?
Estou pensando até agora, então, se o que disse faz algum sentido, se é uma
espécie de tostines ilógico, ou só uma apoquentação mesmo de fim de noite....
Mas acho que o que ela não entendeu é que a feijoada não fora indigesta... só
acabou! E quando o feijão acaba, a fome assola e devora os convivas!
A primeira fada bêbada que eu vejo , mas que deixa embriagado também , andando entre um casamento e o mundo da baratinha e caindo no sofá no seu desalento de amiga , mas se o casamento é uma instituição já não é interessante , casar deveria unir pé com pé, mas deixar voar de vez em quando , quando for preciso...
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