sexta-feira, 6 de abril de 2012

Senhora

CLIQUE PARA OUVIR

 
Talvez eu não seja a hora de ninguém

Dormir e acordar é muito chato

Queria sumir aos vinte e quatro

E aos vinte e cinco

Falar de mim aos desafetos



Aquela hora que passa

E que por sessenta minutos

Você pensa lhe pertencer de alguma forma

Não sou eu



Eu nem sou minhas horas

Quando elas vêm

Já foram



Minhas horas são relógios quebrados

Que quebrei por raiva do barulho



Nem amores

Nem baladas

Nem horas

Uma tuia de dias e meio-dias

Com sol forte na cabeça



Eu queria ser o amigo do anjo

Para andarmos juntos nos inferninhos



Mas sou o mármore secular

E a cara doída da Pietá

Doida a Pietá

Senhora sem tempo

Sem hora


Nenhum comentário:

Postar um comentário