Pois se a força de Sanção padeceu à malícia de Dalila, no milenar Livro Bíblico, ontem a moça entrou no salão e fez a felicidade da cabeleireira, que, sem pena, pelou-lhe as madeixas e expôs-lhe a nuca.
A moça ordenava, incisiva, que a outra não deixasse rastros da antiga cabeleira. “Cabelos são o atavismo espúrio dos vícios de nossa feminilidade”.... Nesse instante a cabeleireira parou, franziu a testa... E como não atingisse a mensagem posta, continuou a tilintar-lhe a tesoura afiada e precisa.
Findo o processo, a moça olhou-se de frente, dos lados, de costas e, muito satisfeita, lançou num suspiro: "Só para garantir que não vou cair na tentação de deixar o tal fulano me puxar pelos cabelos!"
E saiu, cheia de uma força certamente maior que seu orgulho inegavelmente ferido.
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