quarta-feira, 18 de agosto de 2010

“Tempo de Travessia”

Eis que a poesia se abre em verso... toda prosa!!!

Fiquem calmos que não vou postar aqui poesia para a felicidade da maioria. Só estou ainda na vibe da capa de aniversário da Playboy com a Cléo Pires tatuada em rena pelos versos de Fernando Pessoa.

Lá estou eu pegando meu jornal, aqui na banca da frente, quando chegam duas jovens. A mais novinha era a típica colegial, com espinhas em franca erupção pelo rosto e rabo de cavalo. A menos jovem apertava uma apostila de preparação para concurso público contra os peitos, como se quisesse fazê-los acompanhar o volume dos da Cléo, que ambas olhavam e comentavam na Playboy exposta : “Meu primo disse que o poema é de Fernando Pessoa e fala em tirar a roupa...”

Pois eis que dentre tantos heterônimos, Pessoa devia ter um punheteiro de plantão, ainda desconhecido pelo grande público, que ao invés de ficar divagando sobre tempos de travessia, certamente devia saber dar bons conselhos de como passar em concursos públicos concorridíssimos, em que trezentas pessoas disputam uma vaga ou como ser um funcionário público exemplar, coisa que ele certamente tentou ser não muito bem sucedidamente! Este mesmo heterônimo deve ter escrito o protótipo de um blog de auto-ajuda que nos fizesse mais conformados e enformados na nossa busca incessante por uma tão propagada estabilidade em plena dita pós-modernidade caótica...

Se Pessoa despiu a Cléo ou se a Cléo vestiu Pessoa pouco importa! O primo da moça já disse que ele, com muita propriedade, mandou-a tirar a roupa! Então, que se abra o poema ou quem quiser que tatue outro!

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