Se não é o fim do mundo, certamente que será o fim aqui do blog. Hoje o 'causo', que não é de fadas, é sobre o coração doído de um moço que amava demais... e, quem sabe amanhã o blog passe a tratar do 'gnomo sóbrio', do 'pirimlampo alegrinho' ou do 'grilo intoxicado'..? Enfim... que venham as novas!!!
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O que lhe doía não eram os amores,
mas o único coração que tinha. Haja sístole e diástole!! Seu coração era uma
bolinha de pinball, sua vida amorosa um enorme fliperama. Não, Playstation é
coisa de uma geração que não lhe dizia respeito. Era tão à moda antiga, que até
carta manuscrita mandava para a amada.
Amava como se a vida fosse acabar.
Então sobrava amor, faltava tempo pra semear, maturar, colher... Acabava
colhendo amores verdes, deixando que apodrecessem no pé ou se esbaldando de
fruta bichada em beira de estrada. Sim, porque amor também tem um tempo. O dele
era todo atravessado e quem sofria era o bobo do coração de sobe-desce-empurra
e puxa.
Amava a quase infante de quem
roubava a inocência e amava a moça branca de boca vermelha e coxas grossas.
Amava a ex da interminável juventude, sempre que lhe chamava com voz de encanta-pescador
e amava o amor que a vizinha da frente lhe devotava tão docemente...
Bolinha pra esquerda, pra cima, e
direita alta, e volta pra cima, e desce... e cai... exaurido no sofá velho da sala vazia. Coração dói e ele era um
homem pequeno. Ao longo de trinta e poucos anos um coração só é muito pouco pra
amor demais. Ou arrumava outro ou fazia
o seu único bater num ritmo só.
Mas o dele não aprendia, então começava
a cantar bem baixinho pra não despertar a madrugada, que ressonava tranquila no
quente dos lençóis. Porque madrugada quando acorda vira boemia que revira a noite,
que vira dia... E o coração-bolinha que de bobo doía, vira violão, senta no canto e então chora.
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