Era uma
boneca de pano, cujos olhos, boca, cilhos, tudo era pintado à mão. Antes de
bonita, curiosa. Antes de ser a preferida era ‘a imprescindível’. Não por ser a
mocinha das histórias, mas sim personagem coadjuvante permanente. Afinal, as
mocinhas eram substituídas sempre que chegava uma boneca nova... então ela
podia ser má, podia ser péssima, podia nem ser nada, mas estava sempre lá. Sem
tempo, sem moda. Seu vestido preto de pequenas bolinhas brancas com um laçarote
vermelho na fina cintura era costurado no próprio corpo, então só as Barbies variavam seus guarda roupas. As recém-chegadas
das lojas seriam as donas dos modelitos mais transados. As mais velhas usavam
qualquer trapo velho e seriam sempre as empregadas domésticas, as figurantes, as
invisíveis...Não sei as brincadeiras de adultos, mas as de crianças, não raro, costumam
ser maquetes minuciosas da realidade. Duplos sinceros, principalmente quando se
tem seis, sete, oito anos...
Era a boneca
que podia roubar os namorados das mocinhas porque não amava, não tinha par, nem trilha sonora, nem
final feliz. Mas sempre tinha uma aventura interessante com o galã da vez. Há
época de sua infância as telenovelas apresentavam, ainda menos, amores lésbicos,
e só por isso, a boneca de pano também não teve experiências afetivas mais
diversificadas.
Claro que ela
deu um nome à boneca... Normalmente Natália. Igual à Natália do Vale - a atriz
mais bonita que via na TV. No fundo...era só uma espécie de codinome, nome de
personagem... Houve outros, mas Natália ficou sendo usado até que pudesse
descobrir seu nome secreto, quando então poderia chama-la e se fazer escutar.
Sim, porque ela devia ter um nome verdadeiro. Algum que lhe caísse feito uma
luva, que lhe identificasse sobre todos os outros e que não podia ser trocado,
assim como seu vestido preto de bolinhas brancas e laçarote vermelho na fina cintura.
Um que fosse rosto e não persona.
Natália
tinha cabelos de lã marrom, que ela ia cortando sempre que dava na telha. Um
dia tornou-a para sempre chanel , mesmo quando não sabia que Chanel era nome de
mulher.
Natália nunca
teve roteiro. Ou nunca o seguiu. Compunha o núcleo de improviso de suas
brincadeiras. Estava lá entre as Barbies,
Susies, Kens, Bobs e os Falcons do
irmão; entre os bichos de pelúcia que compunham o set das brincadeiras de escolinha em que era a professora; entre o
público figurante dos programas de auditório que apresentava... E quando não houve mais
brincadeiras, Natália ainda estava lá. Com a costura do pescoço meio puída, um
encardido no branco da pele e as outras cores todas desmaiadas.
Natália não
teve início porque lembrava-se dela desde quando se entendeu por gente. Feita pelas
mãos talentosas de sua mãe, não havia outra igual no mundo! Também não teve fim
porque jamais se desfaria da boneca desengonçada e onipresente. A boneca que viveu todas as vidas que ela
quis e não quis ter.
Não, Natália
não sumiu. Saiu pra comprar cigarros e, como não fumava, nunca mais voltou. Embriagou-se
dos anos todos que vieram, embebedou-se nas vidas todas de sua única vida de
Fada Bêbada. E a menina esteve sempre certa. Agora podia chama-la e fazê-la
aparecer: - Fada Bêbada!
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