quinta-feira, 4 de outubro de 2012

De pés e pós


Tudo nela era uma crescente, das enxaquecas às paixões.  Tudo buscava seu paroxismo como numa espécie de inevitável ponto gravitacional. Vivia urgente e desesperadamente, chorava copiosamente... As coisas lhe eram superlativas!!!

Quando tinha insônia eram noites inteiras em claro e quando dormia, sonhava tanto a ponto dos sonhos sonharem a realidade, que por sua vez perdia a hora do dia.

Foi assim que, numa hora incerta de qualquer dia desses, amou. E amou tão intensa e tresloucadamente que não teve dúvida de que seus pés correriam para além do chão, até alcançar este tão perseguido amor. Assim correu, correu e correu exaustivamente.... até que de tanta sofreguidão, cuspiu pra fora do peito seu coração aflito e extasiado.

Desde então não a vi, mas soube que agora anda cantando mantras ao nascer do sol, estuda medicina ayurvédica, cultiva cogumelos numa cidadezinha no sul da França e o coração numa salmoura.  

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